Vulgar!

18.00 H, avenida Carvalho Araújo; esplanadas cheias, muito calor. De repente surge do nada uma mulher estonteante, voluptuosa ( silicone ), sobrancelhas exageradamente arranjadas, maquiada de forma a não passar despercebida. Os homens alertados pelo instinto direccionam o olhar ao som do compasso dos saltos altos que vão pisando a calçada Portuguesa que veste a avenida.


Mariana namorada de Jaime, incomodada, critica:


- Que mulher vulgar!


Jaime sorri.


Quantas vezes assistimos a esta cena no dia-a-dia.


É uma expressão vulgarmente utilizada que inconscientemente nos remete para a nossa identidade e traços fisicos únicos.

A mulher que subia a avenida é vulgar, no sentido em que os acessórios que usa ( maquiagem, silicone) a igualam à maior parte das mulheres. Estas, de forma a reproduzirem o ideal fisico estipulado pela sociedade abdicam da sua originalidade para passarem à vulgaridade,camuflam traços físicos que as fazem seres unicos e irrepetíveis.

Este fenómeno é fruto de uma sociedade que estimula o consumo de bens fisicos e menospreza a faceta espiritual do homem. Esvazia o homem espiritualmente para que este apenas se alimente de bens materiais. É natural que um ser incosciente do seu lado espiritual não possua força nem vontade para se assumir diferente da maioria. O apelo de pertencer, de se sentir parte de um grupo é maior.

Creio que o sentido da nossa viagem nos deva levar a vincar os nossos traços únicos e não a sermos apenas mais um.









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